sábado, 30 de outubro de 2010

E porque não dissemos nada? Porque já não podemos dizer nada...


Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo,  arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.
Despertar é preciso, Vladimir Maiakóvski



Antes do primeiro turno eu estava irritada pelo fato de ter de trabalhar nas eleições; depois dele, eu brindei à democracia. Hoje eu só consigo pensar  em tantas informações sem verdadeiros planos de governo. Infelizmente, nos resta votar com base em outros parâmetros...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eco-chata fundamentalista, ser ou não ser...



[...] ela me disse que tinha uma idéia equivocada sobre os orgânicos, de que eram feios, ruins, e acabou não apenas descobrindo que eles são extremamente saborosos, como redescobrindo gostos provados apenas na sua infância. Ela se ilumina, por exemplo, ao falar da batata...  



Há duas ou três semanas estava na Livraria Cultura assistindo a uma palestra sobre pães, da série “Entre Estantes & Panelas – a Gastronomia de Pensar”, sob curadoria de Alex Atala e Carlos Alberto Dória; todos os quatro padeiros-palestrantes, inclusive o proprietário da PAO (Padaria Artesanal Orgânica), discursaram sobre as dificuldades de se produzir um pão de qualidade, pois se procuram por uma farinha melhor, o produto final consequentemente tem seu preço alterado, e obviamente, é melhor. Em um dado momento Alex Atala pediu a palavra para questioná-los sobre o porquê dessa reticência ao se gastar mais com um pão de ótima qualidade, de fermentação longa, se hoje já se admite fazer isso com queijos e vinhos, por exemplo. Para mim, esse questionamento foi um soco no estômago...

Acho que essa é a questão central; convencer as pessoas de que o alimento é algo a se investir; afinal de contas existem pães como os franceses da padaria, produzidos com aditivos, melhoradores, vitaminas e margarina; e Pães, com farinha, fermento, sal e muito tempo de dedicação... Eles não são iguais, então porque não investir na qualidade? Falta de dinheiro poderia e pode ser um ponto crucial para muitas pessoas, mas não para todas; senão vejamos, a maior parte das mulheres de classe média não se importa em gastar R$300,00 para comprar uma bolsa, ou R$100,00 para uma blusa, mas acha um absurdo gastar R$10,00 com ovos orgânicos. Nesse sentido, - e confesso que tenho me policiado tanto ao escrever no blog como nas conversas com amigos -, entendi que não podemos parecer “eco-chatos”, para tentar argumentar sobre esses fatos, mas sim pessoas tranqüilas, que mostram o lado bom da coisa, sem julgar nem colocar ninguém contra a parede. Até porque, as pessoas só fazem algo quando realmente acreditam, e para tanto precisam de informação e tempo para processá-la...

Outro exemplo, que além de elucidativo me desopila um pouco o fígado, é de uma amiga  minha, felizmente muito bem de vida, que ao me ouvir indicar a utilização de sacos plásticos biodegradáveis para uma pessoa, neneou com a cabeça e disse que esses sacos eram muito caros e que preferia usar os do supermercado, que eram “de graça”. Observe o absurdo dessa explanação; ela anda em um dos carros mais caros do mercado, gasta horrores em combustível, e acha um absurdo gastar R$10,00 em um pacote com um rolo de sacos biodegradáveis. Nesses momentos eu respiro fundo e me acalmo, pois sei que não sou a palmatória do mundo, tampouco ela falou por mal, é apenas o que realmente lhe parece! Quando vejo esse tipo de acontecimento percebo que de nada adianta ver uma pessoa comendo uma barrinha de cereal e falar para ela que aquilo não é comida - apesar de ser discípula do Pollan e concordar plenamente com esse argumento -, mas percebi que isso não irá atingir grande parte das pessoas... Por isso, tenho mudado a minha abordagem, tenho sido positiva, falado bem dos orgânicos e dos alimentos verdadeiros, mostrado como é possível se organizar, incluir determinadas rotinas na cozinha para se ter uma alimentação mais saborosa. Estou tentando incluir o termo "orgânico" nas postagens sem aparentar ser "eco-chata" fundamentalista, pois isso assusta as pessoas, e tenho recebido um retorno surpreendente! As pessoas tem gostado, falado que nunca tinham pensado em aproveitar o alimento como um todo; no post do iogurte, por exemplo, muitos me disseram que nunca tinham lido os seus ingredientes, tampouco imaginado a idéia de prepará-lo em casa.

Por fim, aos louros... Duas pessoas na minha família aderiram aos orgânicos; cada uma a seu tempo, e por motivos diversos. Em uma conversa na linda cozinha gourmet da casa minha tia MR., que é súper preocupada com a saúde, perguntei a ela se já havia lido os ingredientes do seu leite “de caixinha”, e ela ficou assustada ao fazê-lo... Desde então começou a comprar orgânicos, sempre que possível,  e preparar determinadas coisas em casa, evitando industrializados. Reeducar uma sociedade tão acostumada com alimentos plásticos, que cresceu aprendendo que isso era o melhor, é realmente um trabalho de formiguinha, mas quando acontece é tão reconfortante como ver uma nova flor desabrochar. Com a minha mãe o processo foi diferente; há algum tempo vinha tentando falar com ela sobre o consumo excessivo de carne, o tratamento terrível despendido às galinhas e os venenos nas frutas e verduras, mas ela, na sua doce ingenuidade, literalmente tapava os ouvidos com as palmas das mãos, e preferia ficar na ignorância a acreditar que o presunto vem de um porquinho cor-de-rosa, que é criado, muitas vezes, em condições inimagináveis... Entendam, não odeio as pessoas que comem carne, e já expliquei isso aqui e aqui; até porque, eu também como carne, mas não acho que você tenha de fazer isso em todas as refeições, todos os dias, de forma descontrolada! Aparte à parte, voltando a minha mãe, lembro-me que certa vez, valendo-me de uma abordagem mais positiva,  contei sobre um caminhão que transportava porcos, na Itália, de forma absolutamente digna, e  ainda assim levei um pito daqueles; a verdade nunca é fácil, e quando se trata de comida e seres vivos, então... Mas eu não desisti, continuei falando, informando, não da forma brusca e incisiva que erroneamente fiz da primeira vez, mas com doçura, mostrando a mudança de hábitos não como única saída, o que gera desespero e angústia, mas como uma outra via também possível. Hoje perguntei a ela sobre os motivos de ter aderido às cestas orgânicas, e ela me disse que tinha uma idéia equivocada sobre os orgânicos, de que eram feios, ruins, e acabou não apenas descobrindo que eles são extremamente saborosos, como redescobrindo gostos provados apenas na sua infância. Ela se ilumina, por exemplo, ao falar da batata...


SOPA NA CANECA: Yellow Submarine

 
 

Uso o meu congelador para estocar molho de tomate, ervilha, pão libanês, cascas de frutas para fazer compotas e geléias, manteiga, queijo e pães de forma; entretanto, quando fui viajar para a Itália, deixei também várias tortas e sopas congeladas, e o Ebraim, que é súper exigente, adorou. Preparei tudo de forma individual; pães de forma fatiados, tortas assadas em ramequins e sopas na caneca. Bastava que ele pré-aquecesse o forno e  descongelasse tudo de forma prática, sem sujar nenhuma louça a mais - o que para ele era de suma importância! A única preocupação que tive foi de não temperar as sopas, para que isso fosse feito na hora em que fosse servida, assim como adicionar queijos e ervas frescas. Para os adeptos do microondas, creio que este também possa ser usado para descongelá-las, mas não sei se o sabor fica comprometido, porque não tenho essa geringonça...

E não é que nós gostamos da idéia; hoje eu mantenho algumas canecas de sopa no congelador para aqueles dias de preguiça. Por esse motivo vou iniciar a série SOPA NA CANECA; a da foto é a de ervilha, normalmente devorada com cubinhos de queijo branco passados na chapa, ganhou essa versão "submarino amarelo"; assim que retirar a caneca do forno, tempere-a com pimenta do reino moída na hora e mergulhe um palitinho de mussarela antes de servi-la.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sanduíches para viagem: espinafre fresco e mozzarella de búfala


Minha tia MR. me pediu algumas indicações de sanduíches para mandar para o meu tio M., piloto, já que este não mais agüenta comer aquelas coisinhas requentadas, ainda que menu seja assinado pela chef Elena Rizzo; ninguém faz milagres... Fato é que aproveitei bastante a parte alcoólica da minha última viagem; champagne e tinto espanhol, mas a massa da ida era intragável; melhor ficar com a salada, os queijos e um doce. Ainda assim, quem se aventura com a freqüência com a qual um piloto faz não se vê tentado por um potinho de sorvete da Haagen Dazs; tampouco pode aproveitar as benesses etílicas... Mas também não precisam ficar com tanta peninha, pois quando chega na iIália ele e farta com os queijos e frutos do mar!

Pensando nele resolvi postar uma série de sanduíches "para viagem", já que eu os preparo todos os dias. O mais importante é não colocar nada muito molhado no recheio, pra não umedecer o pão. O azeite - se usado com moderação, é claro - pode ser colocado diretamente no sanduíche, mas o ideal é que tanto este quanto um molhinho especial seja armazenado em uma garrafa pequenina, justamente como aquelas nas quais o azeite é servido no avião; tostar o pão em uma frigideira com um pouquinho de manteiga, ou mesmo em uma torradeira também ajuda, pois o torna mais rígido. Uma boa pastinha, um queijo, folhas frescas, tomate,  pimentas e conservas são opções para se preparar um belo almoço, ou mesmo um lanche em casa. 

Falando propriamente do sanduba da foto, confesso que desde a primeira vez que experimentei espinafre fresco fiquei viciada; é uma folha delicada e deliciosa, que harmoniza de forma perfeita com a doçura da mozzarella de búfala. Temperei com azeite e pimenta do reino moída na hora; tomate fresco ou seco também podem ser adicionados. O pão é o da casa.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bananas...


comendo banana da terra...

 
as nanica foram colhidas ainda verdes...

 ... e, três semanas depois, estavam perfeitamente deliciosas!

Pão de Forma Integral orgânico



Esse pão é feito na batedeira, não dá trabalho nem faz sujeira, e pode ser congelado com sucesso. Como o Ebraim sempre leva um sanduíche para o trabalho, preparo três pães de uma vez só, e, antes de congelá-los, quando já estão completamente frios, fatio-os e guardo-os em um saco plástico grosso, pra que não absorvam umidade. Dessa forma, posso sempre retirar uma ou duas fatias do congelador, que podem ser aquecidas na frigideira ou em uma torradeira, com ou sem manteiga, e sempre tenho em mãos um pão fresco, orgânico e sem porcarias.

Essa versão leva farinha refinada e integral, mas ele também pode ser feito apenas com farinha integral. 



PÃO DE FORMA INTEGRAL ORGÂNICO
tempo de preparo: 10 min. + 3 horas de fermentação + 30 min. de forno
rende 1 pão de forma

- 300g de água*;
- 6g de fermento ativo seco instantâneo (ou 18g de fermento fresco);
- 300g de farinha de trigo integral orgânica;
- 200g de farinha de trigo orgânica;
- 12g de sal marinho;
- 18g de açúcar orgânico claro;
- 25g de leite em pó desnatado* e
- 18g de manteiga sem sal.

1. Aqueça a água em fogo baixo por 1 minuto, sem permitir que ela passe dos 60º, para que o fermento não morra.

2. na tigela da batedeira planetária, coloque o fermento com cerca de 5 colheres (sopa) da água morna; dissolva-o e deixe fermentar por aproximadamente 10 minutos, para que se verifique se o fermento está ativo. Se, após esse tempo, não tiverem se formado algumas bolhinhas de ar, ele não está ativo; nesse caso, é melhor recomeçar com outro fermento do que perder os demais ingredientes. Normalmente isso não acontecerá quando usar um fermento seco recém aberto, mas quando ele já está na geladeira há algum tempo, assim como o fresco, esse processo é valioso.

3. Adicione na tigela os demais ingredientes, tomando cuidado para adicionar o sal por último, para que não entre em contato direto com o fermento, pois, assim como a alta temperatura, o sal também o mata. Acople o gancho na batedeira e bata a massa na velocidade 2 por 10 minutos. A receita indica que, se, ao faltarem 2 minutos, a massa ainda parecer grudenta e não tiver se desprendido das laterais e do fundo da tigela, acrescente mais uma colher de farinha, mas eu nunca precisei fazer isso.

4. Tire a massa da tigela, forme uma bola e coloque em outra tigela grande, levemente enfarinhada, cobrindo-a com um pano úmido. Deixe a massa descansar por 1 hora e meia, até que dobre de tamanho, em um local mais quentinho, longe de correntes de vento, como um armário, ou dentro do forno desligado, com a luz cessa, nos dias de frio.

5. Unte uma forma de bolo inglês (21,5 x 10,5 cm) com manteiga e pré-aqueça o forno a 230ºC. 

6. Soque a massa para retirar-lhe o ar e disponha-a sobre uma superfície levemente enfarinhada. Abra-a em um formato retangular e imagine-a dividida em três, no sentido transversal; dobre a primeira parte sobre a segunda, e a terceira sobre ambas. Enrole a massa como se enrolasse um rocambole, bem apertado, na largura e comprimento da forma. Dobre as pontinhas para dentro e sele-as bem (seqüência de fotos abaixo). Coloque o pão com a emenda voltada para baixo, cubra-o e deixe-o descansar por trinta minutos, enquanto o forno aquece.

7. Leve ao forno por 10 minutos, então abaixe a temperatura para 200ª e deixe-o lá por mais 20 minutos, ou até que esteja bem dourado e soe oco quando bater na parte inferior com o nó dos dedos. Não tenha medo de tirar o pão da forma, olha se ele está dourado e ouvir o seu som; se precisar, volte-o por mais alguns minutos e repita o processo, só assim você terá um pão no ponto correto, nem muito seco, nem cru no meio! Deixe-o esfriar sobre uma grade e só depois corte-o.

* como nunca tenho leite em pó desnatado, substituo-o por leite, subtraindo essa quantidade da quantidade total de líquido; portanto, uso 25g de leite e 275g de água. Quando também não tenho leite, substituo a quantidade de leite em pó por azeite ou por manteiga, e faço alguma correção na massa, se necessário.

 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tortellini Neri in Brodo di Pesce


Comprei um saquinho de tinta de lula e surtei... Você coloca um nadinha e, de repente, sua massa está assim, preta e brilhante!!!

 



A receita da massa está aqui; o caldo de peixe é feito à partir de um de legumes - sobre o qual já falei um pouco aqui -, adicionando-se um pedaço de peixe e um toque de molho de tomates.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ensopado marroquino com folhas de beterraba e talos de espinafre - ferro extreme para um querido amigo


Fiz esse prato para um amigo muito querido que está precisando ingerir ferro a todo custo; agora, o fato de ser vegetariano e de estar se recuperando não significa que ele precise comer comida blé de hospital, tampouco bater fígado com beterraba no liquidificador, como sugeriu o médico... Como não havia nenhuma restrição alimentar, pensei em fazer esse prato, com folhas de beterraba, talos de espinafre, grão de bico, passas e amêndoas; ferro extreme!!!

O barato dessa receita, e o termo cabe perfeitamente, é que ela é deliciosa e feita de partes de alimentos muitas vezes desperdiçadas pela maioria das pessoas, simplesmente porque não temos a cultura de aproveitá-lo como um todo. Não é fácil, mas é excitante testar substituições e verificar que, se você aproveitar o alimento como um todo, acaba economizando horrores, e pode começar a fazer algumas substituições por alimentos orgânicos, sem pesar no orçamento!

Apenas um lembrete, a vitamina C potencializa a absorção do ferro; portanto, tome um suco de limão ou coma uma laranja logo depois de ingerir o alimento com ferro.



Ensopado marroquino com folhas de beterraba e talos de espinafre
adaptado desse prato


- 1 colher (sopa) de azeite;
- 1 cebola cortada em fatias grossas e ao meio;
- 2 dentes de alho em cubinhos;
- talos de espinafre em cubinhos;
- 10 colheres (sopa) de molho de tomate;
- um punhado de uva-passa;
- um punhado de amêndoas cruas - tire a pele, se tiver paciência;
- 1 pau de canela;
- Harissa - omiti qualquer pimenta, só por segurança;
- 5 xícaras de caldo de legumes, aproximadamente;
- 3 xícaras de grão de bico cozido e escorrido;
- folhas de dois maços de beterraba;
- sal e
- pimenta do reino - omiti qualquer pimenta, só por segurança.
1. Em uma frigideira antiaderente grande refogue a cebola  no azeite, em fogo médio, por alguns minutos; adicione os talos de espinafre em cubinhos e refogue-os por alguns minutos; após, o alho, tomando cuidado para ele não queimar.

2. Adicione o molho de tomate, o pau de canela, o caldo e as folhas de beterraba, e deixe que tudo ferva; abaixe o fogo e deixe cozinhar, tampado, por aproximadamente 15 minutos.

3.Por fim, adicione as passas, as amêndoas e o grão de bico, mexendo para que tudo se agregue. Apenas acerte o sal e a pimenta, se for usar, e sirva acompanhado de arroz branco ou de couscous.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Escondidinho de bacalhau com crosta crocante


Usei a mesma receita de escondidinho já postada aqui, mas no lugar do purê ralei a batata no ralo grosso, como faço quando preparo a rösti, e reguei-a com azeite antes de ir ao forno. A crosta fica muito crocante,  daquelas que fazem barulho quando batucadas com as costas da colher, lembrando a batata porco-espinho!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Morangos assados


Nesse ano não fiz nenhum doce em especial com morangos; além de comê-los frescos e assados, fiz essa geléia maravilhosa. Fiquei imediatamnte fã dessa geléia porque tem um gosto espetacular e é terrivelmente perigosa perto de qualquer coisa feita com chocolate, apesar de já tê-la servido com arroz doce e até mesmo com queijo! A versão assada, por sua vez, harmoniza de forma única com iogurte ou sorvete, justamente por ter uma tentadora calda... A queridíssima Patricia fez uma versão dessa receita com água de rosas, e muitas outras mais com essa frutinha tão versátil.


Não sei se alguém está achando estranho o fato de estarmos comendo morangos em novembro, mas descobri o porquê há algumas semanas, quando estava no supermercado e bati um papo com uma moça muito simpática que trabalha em uma fazenda produtora de morangos orgânicos; depois de ficar sabendo do trabalho enorme que essas belezinhas dão para serem cultivadas dessa forma, fui surpreendida com a informação de que teríamos morangos até novembro, e isso tem se mostrado verdadeiro, pois acabei de comprar outra leva dos mesmos; corram e aproveitem!
  



Morangos assados

- morangos e
- açúcar.

1. Pré-aqueça o forno à temperatura alta.
2. Disponha os morangos em um refratário com as bordas altas, polvilhe-os com açúcar e leve o refratário ao forno por aproximadamente 15 minutos, ou até que estejam macios e o açúcar tenha se misturado com os morangos formando uma deliciosa calda.

domingo, 17 de outubro de 2010

Iogurte caseiro - tutorial


Fazer iogurte é algo surpreendentemente simples; pode ser que você se atrapalhe nas primeiras vezes com a temperatura do leite e o tempo que ele deve ficar fermentando, mas depois irá relaxar e verá que não há melhor iogurte do que o caseiro. Depois que ficar craque poderá deixar o iogurte sorar para ter um delicioso queijo caseiro, que pode ser servido com castanhas, frutas secas, pimentas, ou ainda preparar uma coalhada, usando o mesmo processo.
 

Como faço iogurte há algum tempo resolvi postar um tutorial com tudo o que aprendi acerca do tema, não apenas a formula base para prepará-lo, pois apesar de muito simples alguns pontos-chave devem ser observados: 

1. Qualidade do leite – A primeira pergunta que todos me fazem; sim, é possível fazer iogurte com leite desnatado, mas, em regra, a textura e o gosto ficarão comprometidos, pois todos sabem que é a gordura que dá sabor à vida. Ai você se pergunta, mas e os iogurtes desnatados consistentes que são vendidos no supermercado? Basta ler os ingredientes para entender o porquê; aquilo é qualquer coisa, menos iogurte; a industria adiciona amido e gomas para dar essa textura consistente. Não me entendam mal, acho que cada um é livre para comer o que quiser, mas o ideal é que se faça isso de forma consciente! Sempre faço iogurte com leite fresco, pois é o único que não contém química, e o melhor iogurte que já fiz foi com leite orgânico; a versão integral gera um iogurte mais do que premium, mas se você quiser o melhor iogurte desnatado, faça-o com este leite, pois é o único que produz boa textura, por vezes ainda melhor do que o feito com leite fresco integaral não orgânico. Para quem não pode comprar leite fresco, muito menos o orgânico, saiba que é possível fazer com o “de caixinha”.

2. Qualidade do iogurte (matriz) – Compre um iogurte integral, que contenha apenas leite e fermento, sem químicas. Depois que você fizer o seu iogurte, guarde sempre a quantidade de duas colheres de sopa para cada litro de iogurte que for preparar. É normal esquecer e comer tudo; sem problemas, compre outro e recomece a produção.

3. Temperatura do leite – A temperatura ideal, entre 45 e 46ºC, é importante para que o fermento possa se desenvolver. Para quem tem termômetro culinário, basta alcançar essa temperatura; para os demais - e desde já confesso que apesar de possuí-lo sou adepta ao método mais intuitivo-, basta colocar o dedo no leite e conseguir mantê-lo lá por 10 segundos; se for muito fácil “agüentar” os 10 segundos é porque o leite está frio; se sentir que vai se queimar, está muito quente. Para quem vai seguir o segundo método, mais prático do que ferver o leite todo e esperar que este alcance a temperatura ideal  é ferver metade da quantidade do leite e adicionar a outra metade gelada; entretanto, não deixe o leite ferver a ponto de borbulhar e subir até o topo da panela, basta que comece a fazer isso, que comece a ter borbulhas nas paredes da panela. Pode parecer complicado, mas na verdade é algo muito simples, que só requer um pouco de prática. 

4. Armazenamento durante a fermentação - A forma na qual o iogurte é armazenado é muito importante, pois o fermento precisa manter-se na temperatura para que possa se desenvolver. Inúmeras são essas formas, e você pode adaptá-las ao que tem em casa; desde um cobertor grosso ou um isopor, a uma garrafa térmica; o importante é sempre ter em mente que o que se visa é manter a temperatura do leite constante para que o fermento faça o seu trabalho. A forma na qual o iogurte é armazenado será decisiva para o seu resultado; por exemplo, em uma garrafa térmica ele manterá a temperatura ideal por mais tempo e produzirá um iogurte bastante consistente; em um recipiente coberto com cobertor, ou dentro de uma embalagem térmica grande, que permita uma variação de temperatura, ele ficará mais fluido.

5. Duração da fermentação – Pode durar de 6 a 8 horas; aqui em casa preferimos um iogurte mais forte, com sabor mais pronunciado, por isso opto pelo tempo mais longo.


Iogurte caseiro (passo a passo)

- 1 litro de leite e
- 2 colheres (sopa) de iogurte de qualidade.

1. Usando uma das formas indicadas acima – termômetro ou dedo -, atinja a temperatura ideal do leite.
2. Coloque o iogurte em uma tigela e bata-o com um fouet (ou garfo) para que fique mais fluido. Comece a adicionar o leite aos poucos; primeiro adicione uma concha e mexa bastante, para que o iogurte se incorpore bem ao leite. Essa etapa é muito importante; do contrário produzirá um iogurte cheio de grumos, com algumas partes líquidas e outras sólidas.
3. Após mexer bem a primeira concha de leite, vá adicionando o restante, sem parar de mexer, para garantir que o iogurte tenha se diluído bem.
4. Transfira o líquido para o recipiente em que ficará fermentando, feche-o bem e coloque-o no local onde terá sua temperatura constante por mais tempo. Espere de 6 a 8 horas e transfira-o à geladeira. Se preferir, mexa bem o iogurte e transfira-o para outro recipiente mais fácil de ser administrado na geladeira. A sua duração é de, aproximadamente, uma semana e meia.
5. Só adoce ou misture frutas ao iogurte após este estar pronto.

Todo mundo possui um pote que pode ser coberto com a sua tampa ou com filme plástico; basta embrulhá-lo em um cobertor bem grosso, ou colocá-lo dentro de um recipiente térmico como um isopor bem fechado (coloque um peso sobre ele!). A dica da garrafa térmica também é uma boa, e é a forma em que o iogurte fica mais consistente. Para quem quiser prepará-lo em potinhos, pode adquirir alguns com tampa e um isopor pequeno, onde eles caibam empilhados e não sobre muito espaço para que o calor se dissipe.

Enfim, não há mistério; cada um tem de pensar na forma como gosta do seu iogurte, se mais consistente ou mais fluido, mais forte ou mais suave, e produzi-lo dessa forma. Como tudo na vida a cozinha também é prática; na primeira vez que fiz iogurte achei um pouco complicado, mas ao prová-lo vi que compensaria demandar um pouco de tempo até me adaptar ao processo e integrá-lo a minha rotina. 

Para animá-los a se aventurarem no fantástico mundo do iogurte, saibam que hoje preparei 4 litros de iogurte e dois de coalhada, em menos de uma hora, contando com a limpeza da cozinha. O iogurte dura mais de uma semana, e a coalhada, depois de seca, muito mais do que isso! ;)


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Canapés (ou salada) de pupunha, abobrinha e coalhada seca


Confesso que quando preparei esse prato o fiz pensando em uma salada, mas quando começamos a comer percebi que, intuitiva e concomitantemente, nenhum de nós triscou nos talheres; aproveitamos o pupunha em rodelas como base para a abobrinha, e foi assim com o prato todo... Moral da história, outra ótima opção para quem não pode comer glúten!


 Canapés (ou salada) de pupunha, abobrinha e coalhada seca

- palmito pupunha em fatias;
- 1 abobrinha italiana em fatias;
- coalhada seca;
- pimenta rosa em grãos;
- nozes e pistaches;
- azeite e sal.

Grelhe a abobrinha ou frite as rodelas em uma frigideira bem quente com um fio de azeite; disponha em um prato o palmito e a abobrinha, tempere com um fio de azeite, uma pitada de sal, pimenta rosa e as castanhas. Sirva com a coalhada.
  

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Potinhos de ervilha e cebola roxa




Aproveitei como podia a oportunidade de debulhar favas de ervilha; sinto falta desse processo manual, do gosto e da textura das ervilhas frescas, mas me rendo e tenho de me contentar em abrir o saquinho saído do freezer... De qualquer forma, frescas ou congeladas ervilhas são sempre bem-vindas, e esses potinhos corresponderam a minha expectativa; práticos, versáteis, reconfortantes e quentinhos, harmonizaram com a doçura e o frescor da cebola roxa crua.

Ah, resolvi colocar um link para o Twitter aqui no blog; para os que dele participam, cá estou!



Potinhos de ervilha e cebola roxa
adaptado do livro Vegetarian Cuisine - Leonardo Food & Wine
Rendimento: 2 porções

- 1 ¾ xícara de ervilhas frescas ou congeladas;
- ½ cebola roxa em cubinhos bem delicados;
- manteiga;
- 1 xícara de caldo de legumes;
- sal (se necessário) e
- um punhado de queijo*

1. Refogue a cebola em um pouco de manteiga, mas não deixe que ela doure; adicione as ervilhas e mais um pouco de manteiga, refogue tudo por alguns minutos e adicione o caldo. Assim que este ferver, mantenha a temperatura  média, cubra a panela e deixe que cozinhe por 25-30 minutos. 

2. Aqueça o forno à temperatura média.

3. Processe até obter um purê mais grosso; adione o queijo, prove e acerte o sal, se necessário. Disponha o purê em dois potinhos e leve-os ao forno por alguns minutos, apenas para o queijo derreter. Sirva-os com uma fatia fina de cebola roxa e  algumas ervilhas frescas.

* já fiz essa receita com gouda defumado e obtive um resultado acentuado, que remete à união da ervilha ao bacon; também fiz com queijo meia cura, e os potinhos ficaram mais leves, com um sabor mais neutro.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sopa de feijão, folhas de cenoura e gouda defumado


Como tenho tido ótimos resultados na preparação de sopas não ouso dizer que esta foi a melhor que eu já fiz, mas talvez realmente seja... O queijo gouda defumado aliado ao feijão preto produz um sabor maravilhoso que nos remete à feijoada,  e algumas gotinhas de tabasco potencializam o sabor!

As folhas de cenoura são muito saborosas, você só precisa saber que seus talos são bastante fibrosos, portanto, se for fazer a sopa de hoje, a sopa psy ou mesmo um simples refogado - de sabor semelhante ao da couve -, descarte os talos mais grossos e use-os na preparação de um caldo de legumes.  



Sopa de feijão, folhas de cenoura e gouda defumado
Rendimento: 2,5l

- 3 batatas pequenas em cubinhos;
- 1 maço de folhas de cenoura - use só as folhas e os talos mais delicados; os talos podem ir para o caldo;
- 2 dentes de alho filetados;
- 1.500 ml de caldo de legumes*;
- 1 xícara de feijão preto cozido à parte, bem al dente, e com o seu caldo;
- azeite;
- 1 colher (chá) de sal;

Para servir
- um fio de azeite;
- tomilho fresco;
- cubinhos de queijo gouda defumado - pode substituir por outro defumado, mas tente encontrar este;
- molho de pimenta - usei tabasco

1. Prepare o caldo de legumes* em uma panela e, concomitantemente, cozinhe o feijão preto em outra. Para cozinhar o feijão, coloque-o na panela e cubra-o com água; assim que levantar fervura abaixe o fogo e deixe cozinhar apenas até ficar al dente. Da mesma forma é o preparo do caldo; junte todos os ingrediente, deixe levantar fervura, cubra a panela, abaixe o fogo e cozinhe-o por 30 minutos.

2. Junte as folhas de cenoura entre as mãos formando uma bola e corte-as algumas vezes. Aqueça um fio de azeite em uma panela grande, de fundo grosso, e refogue ligeiramente o alho filetado, tomando cuidado para ele não queimar; adicione as folhas de cenoura e refogue-as até murcharem. Adicione as batatas, o caldo do feijão - sem os grãos - e metade do caldo de legumes - adiciono também a cebola que usei no caldo. Deixe levantar fervura, abaixe o fogo e cozinhe a sopa com a panela tampada por aproximadamente 30 minutos, para que as folhas fiquem bem macias e as batatas se desmanchem.

4. Após, junte os grãos de feijão à sopa apenas para que esquentem; notem que eu disse para cozinhá-los até ficarem al dente pois nesse momento eles podem terminar de cozinhar, se assim desejar, ou podem ser comidos mais durinhos, como preferimos aqui em casa. Adicione o sal e prove.

5. Sirva a sopa acompanhada de cubinhos de queijo gouda defumado, folhinhas de tomilho fresco, um fio de azeite e gotas de tabasco; um bom vinho, boa companhia e nada mais...


* você não precisa usar legumes inteiros para preparar seus caldos; pontinhas de cenoura e de abobrinha, cascas (de preferência orgânicas), hastes de cogumelos que não forem usadas, caules sem as folhas, ervas frescas, uma cebola e um dente de alho produzirão um ótimo caldo! Todos eles podem ser armazenados na geladeira durante a semana, em um recipiente fechado com algumas folhas de papel toalha para absorver a humidade, até que você prepare o caldo. A única coisa que não pode ser armazenada  com os demais
é folhagem em geral, pois retém água e fica com aspecto de alga.

Para o caldo usado nessa receita aproveitei os talinhos de cenoura e abobrinha que estavam guardados na geladeira, cortei a parte verde-escura dos pequeninos alhos-poró que vieram na cesta orgânica,  uma cebola - que depois pulou para a sopa -, um dente de alho, uma pimenta dedo de moça e algumas ervas da minha hortinha.  

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