sábado, 8 de maio de 2010

MUITA discussão sobre direitos dos animais


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E tudo se resume a uma palavra: RESPEITO...

Os animais têm consciência? Devem ser vistos apenas como objetos da compaixão humana ou são também sujeitos de direitos? Se existe uma “dignidade animal” e “direitos animais” a serem respeitados, quais seriam os critérios válidos para defini-los?

Esses foram os temas abordados pelo psicólogo César Ades e pelo neurocientista Sidarta Ribeiro na palestra mediada pelo advogado Rubens Naves, sob o tema “Evolução da consciência e direito animal”, seguida por um fervoroso debate.
A palestra ocorreu no último dia 3, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, e iniciou-se com algumas palavras do Dr. Rubens Naves, que deu um panorama geral sobre direitos dos animais. Citou o art. 225 da Constituição Federal, desenvolvendo temas acerca da extinção, crueldade e violência e fez um breve panorama da visão egocêntrica em oposição à ecocêntrica (ou biocêntrica).
O simpático Dr. César Ades, neurocientista especializado em comportamento animal, abordou de forma deliciosa os temas acima, mas a noite começou a pegar fogo quando o Dr. Sidarta Ribeiro, neurocientista, iniciou sua palestra dizendo que seu trabalho era matar animais. Sim, ele promove experiências científicas e contou que isso foi um grande problema para ele no início da carreira, e que, apesar de ainda não ser algo tranquilo, ele só o faz quando entende ser estritamente necessário e relevante.
Questionou sobre como delimitar quais animais podem ser usados ou mortos, quais merecem o nosso respeito; chamou a nossa atenção ao fato de que apesar de matar ratos em seus experimentos, isso não o confere o direito de coisificá-los, e demonstrou a evolução nos “direitos” dos animais de laboratório. Citou o vídeo dos macacos fazendo um enterro, e passou fotos de prisões superlotadas e do holocausto. Cara de interrogação? Por que, esqueceu-se de que você também é um animal? Sim, porque direitos dos animais englobam direitos humanos...
Falou um pouco sobre a cruel vida dos animais nos criadouros, em que as vacas vêem as outras morrendo e sabem que serão as próximas; elas também sentem medo... Questionou sobre o melhor modo de matá-las, ao expor essa tirinha.
Nessa toada, nos lembrou de alguns questionamentos que deveriam ser frequentes no nosso cotidiano: de onde isso vem, para onde vai; o que eu como, o que eu uso? E finalizou com a idéia da Hipótese de Gaia e com a lembrança da máxima “se tivemos a capacidade de destruir também temos de reconstruir”.
Eu gostei bastante da palestra ministrada pelo Sidarta, mas ele foi muito cobrado e rotulado de sínico no momento do debate; provavelmente por dizer que come carne, que gosta disso e não quer parar de fazê-lo; ou talvez por ter dito que os vegetarianos não comem carne, mas também deixam de fazer tantas outras coisas.
Concordo que ele usou um tom não tão agradável ao falar dos vegetarianos, mas eu fico um pouco chateada e preocupada com o extremismo de algumas pessoas que adoram se rotular - ecologistas, vegetarianos, veganos etc – e, muitas vezes, se colocam em posição de superioridade com relação aos demais. Confesso que sinto ter mais razão ao levar a minha sacola de pano para todos os lados do que quem coloca uma cebola em uma sacola de plástico, mas isso não me dá o direito de colocar o dedo na cara de ninguém e impor o meu modo de enxergar o mundo. No meu caso, por exemplo, apesar de só comprar ovos orgânicos e fazer um uso mais do que consciente da carne, relegando-a ao oblívio para um eventual peixe e excepcionais situações em que sinto uma enorme vontade de comer um pedacinho de presunto cru, eu tomo iogurte e como queijos que não são orgânicos... Tento usar produtos que não contenham insumos animais nem tenham sido testados nestes, mas tomo remédios, vacinas e uso sapato de couro... Sinto que é um pouco de hipocrisia da minha parte dizer que não como carne porque tenho dó dos animais mas como todos os tipos de queijo; afinal de contas tenho ciência de que as vacas sofrem bastante para dar a quantidade de leite que exigem...
Em contraposição, muitos veganos consomem vegetais não orgânicos, que tanto poluem o planeta; compram produtos chineses sem pensar no trabalho escravo dessas pessoas e no grande impacto ambiental dessa produção; tomam longos banhos ou usam carro o dia todo. Algum de nós deve ser torturado ou apontado na rua? Esse palestrante foi tratado sem respeito algum, como se fosse alguém que odiasse todos os animais, quando na verdade estava em uma palestra sobre direito dos animais, demonstrando o respeito e a consideração que tem por eles, e nos fazendo parar para pensar. Mas ele não foi compreendido por todos, pois apesar de ter respeito, tem a coragem de dizer que mata e come animais.
Isso me fez pensar em um artigo do Michael Pollan, recentemente lembrado no Blog do Bergamo, em que cita o quanto os animais foram escondidos e desconstituídos para que as pessoas não se lembrassem ou associassem sua imagem ao que estavam comendo; alguém pensa em um porco quando olha para um tender na mesa do Natal? Ontem estava na feira com a minha irmã e ela reclamou de ter de olhar para os pés do frango logo após dizer que queria aprender a fazer uma torta de frango para o namorado... Eu não a culpo; também já fui assim, mas o fato de me forçar a pensar nesse assunto tão difícil me traz uma tranquilidade maior para abordar o tema, pois hoje eu pago o preço psicológico ao utilizar algo que venha de um animal, o que me força a ter um consumo consciente e me faz aproveitá-lo ao máximo!

São tantas coisas a serem pensadas, tantas coisas erradas e algumas certas; tantas possibilidades e dificuldades... Esse post parece não ter fim; as idéias borbulham na minha mente enquanto penso em como nos sentimos superiores em relação aos outros por tomarmos uma atitude que entendemos ser correta, mas também tomamos outras tantas erradas e isso não nos faz melhor do que ninguém... Entretanto, também sei que uns servem de exemplo para os outros, e mais do que isso, quando você dá um passo consciente para frente, você sente vontade de dar muitos mais...
O fato é que há uma mudança de atitude na sociedade; um dos palestrantes comentou sobre a impossibilidade desse encontro ocorrer há alguns anos, já que não haveria espaço nem público para tanto. Ademais, o debate é necessário para a formação e convencimento da população, pois de nada adianta uma lei que determine X ou proíba Y se a sociedade não está de acordo; a lei não terá eficácia apesar de ter validade; ela não “pegará”. Esse debate, assim como os demais só geram mais discussões e mais mudanças...
Ainda me apossando das reconfortantes e sábias palavras do Dr. Cesar Ades, “cada um tem de dar a contribuição que pode dar”; afinal, como disse no início desse post, mais do que nunca estou convencida de que tudo se resume a uma palavra, RESPEITO.

3 comentários:

  1. Esse assunto é polêmico, se analisado com clareza e sem hipocrisia, como você conseguiu tão bem expor aqui. Excelente post, Sabrina!!Bj grande!

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  2. Menina, nada chic nada!!
    Ando sumida por conta do trabalho (e outras coisitas boas!!!). mas, eu sempre volto!!! E a nossa invasão na cozinha da Mônica, sai ou não sai???

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Comentários

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