Quando li no Gourmandise a Nina dizer que iria se dar ao luxo de utilizar seu último grama de açafrão em pistilos para preparar um pão challah me dei conta de que a minha preciosa caixinha amarela, recém trazida da Itália, ainda estava inteira porque a minha “mãodevaquice" aguda vem reservando-os apenas para “algo realmente especial”... Ótimo, o que pode ser mais especial do que um pão caseiro?!? Verdade seja dita, uma parte de mim aplaudiu essa atitude, a outra tratou rapidamente de devolver a caixinha para o armário com a promessa de preparar, ainda nessa semana, un bello risotto alla milanese!
O pão Challah - pronuncia-se “ralá” –, tradicionalmente consumido pelos judeus às sextas-feiras, possui um formato típico de trança moldada a partir de seis cilindros, e não é cortado com uma faca – espero que me perdoem -, mas sim com as mãos, e então distribuídos aos comensais. Não consegui fazer esse trançado tradicional porque a minha massa estava mais mole do que deveria; fiz uma trança corriqueira, de três pontas. O melhor de tudo é que, além de majestoso, possui uma textura que se assemelha a de um brioche, mas mais leve; macio, que se rasga aos poucos, e com um sabor incrivelmente neutro, que faz com que você se apaixone de imediato. Para quem ficou curioso, esse vídeo ensina a fazer o molde tradicional.
Segundo o Ebraim - e ele é, com toda a certeza, o meu maior crítico -, foi o melhor pão que fiz até hoje. Eu não chegaria a tanto, mas que ele ficou divino com manteiga, com geléia de morango, ou com ambos e folhinhas de tomilho-limão, isso eu não posso negar; fora o charme dos pistilos colorindo o pão...
Pão Challah
- 180g de água filtrada;
- 1g de açafrão em pistillo*
- 3/5 colher (sopa) de fermento biológico seco;
- 85g de ovos orgânicos – para quem não tem balança, use 2 ovos pequenos;
- 40g de óleo de girassol ou milho – usei azeite;
- 40g de açúcar demerara orgânico;
- 1,5g de sal marinho;
- 370g de farinha de trigo orgânica – acrescentei 10g referentes à farinha de úluten, que omiti, e um pouco mais para dar o ponto;
- 10g de farinha de glúten – omiti
- um pouco (cerca de 40g) de uvas passas brancas – omiti
- ovo e sementes de papoula para finalizar.
Para quem se desanimou com as quantidades em gramas ou tem outras dúvidas sobre as medidas, dê uma olhadinha nessa tabela da Nina; é absolutamente ótima!
1. Amorne a água, misture-a ao açafrão e reserve por 15 minutos; após, misture 30g da farinha de trigo e espere cerca de 10 minutos, para que comece a formar pequenas bolinhas de ar, o que significa que o fermento está vivo.
2. Na batedeira, coloque essa mistura e adicione o açúcar, os ovos e o óleo; bata tudo com o paddle (raquete), até incorporar. Adicione a farinha restante e o sal, aos poucos, mas quando tiver colocado metade da farinha de trigo, troque o paddle pelo hook (gancho), continue adicionando-a e bata a massa em velocidade média, até obter uma massa lisa e brilhante.
3. Transfira a massa para uma tigela levemente untada com óleo de milho ou girassol (usei azeite), cubra-a com filme e deixe crescer até dobrar de volume, aproximadamente 2-3h, dependendo do clima.
4. Após, incorpore as passas (eu as omiti!) e modele o pão. Se quiser seguir a forma tradicional, veja como nesse vídeo; do contrário, apenas divida a massa em três partes iguais, role-as na bancada até formar cilindros, trance-os e disponha o pão em uma forma para pão/bolo inglês (21,5 x 10,5cm) untada com manteiga e polvilhada com fubá (usei farinha de milho fina). Deixe a massa crescer de 30 a 60 minutos, até que dobre de volume. Nos 15 minutos finais coloque o forno para aquecer na temperatura mínima (180ºC).
5. Pincele o pão com uma mistura de ovo batido e água e polvilhe as sementes de papoula (eu não tinha :/ ). Asse-o em fogo baixo (180ºC) por 30-45 minutos, até que esteja dourado.
6. Retire-o da forma e deixe-o arrefecer sobre uma grade, e só o abra depois de resfriar completamente.
A dica da Nina é saboreá-lo com geléia de rosas; nós adoramos comê-lo com geléia de morangos e folhinhas de tomilho limão, mas o fato é que é um pão muito versátil, justamente pela sua neutralidade.
* Nina afirma que o pistilo pode ser substituído pelo açafrão em pó, mas ressalta o cuidado de não confundi-lo com a cúrcuma, também conhecido como açafrão da terra.
Que pão lindo, Sá! Tão macio... Adorei!
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