quinta-feira, 28 de maio de 2009

Comida árabe, cafés e cultura... Um dia memorável!

Hoje pude comprovar a realidade da máxima "há males que vem para bem"; ou, nas palavras do meu pai, graças a um mau pagador, passamos uma tarde maravilhosa!

Havia combinado com o mau pai de passar no seu consultório pela manhã para pegar um documento, mas como tive alguns imprevistos, acabei ligando para ele perto do horário do almoço para saber se ele queria vir comer na minha casa ou se preferia passar aqui à noite. Ele, por sua vez, me fez um convite irrecusável; já que eu teria de ir a um cartório no centro resolver um probleminha para ele, por que não almoçarmos por lá?!? Adivinhem a minha resposta...

Ele planejava me levar para comer em um restaurante que ficava na cobertura de um tradicional Hotel de São Paulo, o Othon Palace, na Rua Líbero Badaró, nº 190. Entretanto, para tristeza geral, o verbo foi conjugado no tempo correto; restaurante "ficava" lá, pois o hotel foi desativado. Pesquisei um pouco antes de postar aqui no blog e descobri que este hotel foi inaugurado em 1954 e, posteriormente conhecido como São Paulo Othon Classic, foi o primeiro empreendimento da família Bezerra de Mello na capital paulista, uma referência na cidade por muitos anos. Conforme descrito por meu pai, na sua cobertura encontrava-se o Challet Suisse, que se destacava por sua cozinha cuidadosa e pela maravilhosa vista para a Praça Ramos, Teatro Municipal, Vale do Anhangabau e Prefeitura. Encontrei algumas postagens no Orkut em que antigos funcionários lamentavam o encerramento das atividades do Hotel em 4 de novembro de 2008, sem maiores explicações.

Fiquei realmente triste; gostaria de conhecer o lugar do qual meu pai falou com saudosismo sobre um maravilhosos fundue servido no inverno...

Bom, depois de descobrir que os planos do almoço com vista panorâmica tinha ido para o brejo, meu pai pensou um pouco e se lembrou de um restaurante árabe colado no Mosteiro de São Bento, o Jacob, que fica no n.º 65 da Florêncio de Abreu. É um restaurante árabe típico, que serve comida por quilo a preço acessível. Muito bem cuidado, o restaurante conserva uma aura tradicional e serve comida caseira típica. No buffet de saladas, folhagens, tomates, beterraba temperada, dois aperitivos de berinjela, salada com chanklich (queijo típico), salada de grão de bico, tabule, as pastas tradicionais: homus, babaganuche, m'hammara e coalhada; entre outros. No Buffet quente, charutinho de folha de uva, kafta assada, quibe cru, frito e assado, abobrinha recheada, arroz com lentilha, arroz marroquino, linguiças, esfihas... A pedido do cliente, é servida uma cesta de pães, sendo um deles com pasta de zatar. Chegamos na hora certa; quando nos sentamos à mesa, já com os pratos cobertos, o restaurante começou a lotar! Como a rotatividade é grande, a comida deve ser sempre fresquinha, como estava nesse dia.

Depois de nos fartarmos, não poderíamos deixar de provar uns doces típicos... Para fugir dos conhecidos ninhos, experimentamos o malabie, um manjar com cobertura de doce de mamão, e o ataif, uma panqueca com recheio de nozes ou natas e calda. O malabie é perfeiamente equilibrado; a leveza do manjar é enfatizada quando degustado junto com o doce de mamão. Para os que fogem de sobremesas muito doces, indico esta. Por outro lado, o malabie possui uma massa não muito fina, recheada com nozes, fechada em formato de meia lua e coberta com a tradicional calda doce. Esse sim é doce! Maravilhosamente doce! Se for almoçar com alguém, divida est, pois para um só, que já almoçou bem, é... Digamos... Muito bem servido! Foi sofrido, mas deixamos um pedacinho no prato...


O restaurante não tem um site, mas encontrei este em que são anunciadas algumas receitas e outras quatro filiais .

Não chegamos a perguntar, mas acho que lá não servem café. É claro que quando você está na Rua Boa Vista isso não é problema. É até uma desculpa... Entramos no também tradicional Café Girondino e pedimos dois expressos. É muito engraçado tomar café com o meu pai... Ele entorna o café para dentro da boca assim que o mesmo é posto na sua frente, não importando o quão quente ele esteja; e aquele estava pelando...

Da Boa Vista entramos na João Brícola, onde o papai me mostrou o prédio em que o vovô Miguel teve seu primeiro trabalho. Acabamos desembocando na XV de Novembro e, enquanto eu era torturada por inúmeras lojas da Bongusto, meu pai avistou um bar chamado Salve Jorge - Cervejaria e Galeto. Amplo, com dois andares, grandes lustres e inúmeras garrafas de cerveja Original no teto, considerado pela Veja como "o melhor happy hour da cidade". Propõe desde o típico PF até o requintado risoto tailandês de camarão com abacaxi, servindo também pratos leves e sobremesas.

Continuamos caminhando sentido Sé, fomos ao cartório e começou a cair o maior toró... Olhamos um para a cara do outro, sorrimos, atravessamos a rua e fomos tomar mais um café, agora no Pelé Arena - café e futebol. Além de café, oferece almoço em um ambiente bem futebolístico. Camiseta com assinatura do Pelé na parede, garçons vestindo camisetas de futebol, enfeites temáticos por todos os lados; tudo com um toque de luxo, como todos os imóveis das mediações. Confesso que o café do Girondino estava mais marcante, mas este vinha acompanhado de água e um maravilhoso biscoitinho amaretto!

A chuva não estava nos dando trégua, mas em um momento de distração atravessamos a rua, caminhamos um pouco e caímos no prédio do Centro Cultural Banco do Brasil. Fiquei apaixonada! Como eu nunca fui a esse lugar? O prédio, totalmente conservado, possui auditório, cinema, café, loja com livros e lembrancinhas especiais e exposição de arte. Primeiro descemos uma escada e demos de cara com um dos antigos cofres do banco, hoje utilizado para compor uma exposição infantil. As portas, importadas da França, eram enormes... Quinze, talvez vinte centímetros de espessura e um peso incrível! Estávamos embasbacados, até que um segurança nos disse que aquela porta era pequena, pois dava acesso a apenas um cofre; a porta principal, que dava acesso a todos os cofres, era o dobro dessa. Impressionante, um tesouro! Voltamos para o térreo e pegamos o antigo elevador, totalmente conservado, até o mezanino... Uma viagem!

Fomos caminhando até chegar no carro, meu pai me deixou em casa e foi trabalhar. Como disse no início do post, o dia foi repleto de acasos, de fatos não tão agradáveis como dívidas, portas fechadas e chuva, que desencadearam em uma sucessão de eventos incríveis, um maravilhoso passeio no centro, do qual nos lembraremos para sempre! O engraçado é que o dia não teria sido tão bom se tudo tivesse corrido como o programado; o gostoso foi o improviso!

Um comentário:

  1. Sabrina, que texto mais gostoso de ler... passeei junto com vcs pelo centro de SP... vc é maravilhosa! Essa é a primeira vez que visito seu blog (confesso que não acesso com frequência a net em casa e infelizmente esse tipo de site - blogs - são bloqueados no meu trabalho, onde passo grande parte do meu dia)... adorei! Perca o "medo"... vá em frente... e vc irá longe, muito longe! bjs mil. Veridiana.

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