Coxinha e um bolo de tâmaras e gengibre com cobertura de doce de leite - UPDATED

Estava muito acostumada com a passarinha gorducha que vinha me visitar, a ponto de, em dias de hormônios desenfreados, derramar lágrimas ao informar para o Ebraim que não poderíamos nos mudar nunca; quem cuidaria dos pobres passarinhos fadados a essa selva de pedras??? OK, podem rir...
O fato é que fiquei desnorteada quando a rechonchuda parou de me visitar, mas continuei mantendo alpiste e água fresca, na esperança de um breve retorno. Qual não foi a minha surpresa quando, depois de umas duas semanas de total ausência, a bandida apareceu como se nada tivesse acontecido, e ainda trouxe uma companhia prá lá de agitada, que corria desnorteada pelas floreiras! Bem, e não é que, enquanto eu praguejava, bradando que ela havia sumido por dias e agora voltava com o namorado para fornicar na minha janela, vi a fofinha alimentando o outro passarinho... Deus do ceu, como pude ser tão desatenta; ela está bem mais magra e ele tem uma coloração clara, motivo pelo qual foi imediatamente alcunhado, pelo Ebraim, de coxinha.

E assim seguiram os dias; eles chegavam juntos, ela o alimentava e depois iam embora. Do dia para a noite -literalmente!- ele já sabia comer sozinho, e notei que a mãe começou a deixá-lo aqui e sair para resolver outros assuntos. Sim, ela fez a minha casa de creche! Mas o mais engraçado era ver o bandido comer, brincar e se entediar a ponto de começar a emitir piados desesperados, muito agudos... Humpf, e não é que a mãe aparecia em seguida para levá-lo embora?

Pois bem, creio que o coxinha já esteja na adolescência, pois apesar do tamanho, sua penugem ainda é bastante clara em comparação com a da sua mãe. Hoje, enquanto tomávamos café, ele apareceu sozinho. Um mix de tristeza e alegria...

Parece incrível, mas mesmo depois de mastigar a receita e "pestar" as tâmaras com um socador no lugar de processá-las, como indicado pela Patrícia, esse bolo ficou fofinho e irresistível, como prometido. Na boca, os pedaços de tâmaras que restam intactos se assemelham a doce de leite, e tudo harmoniza de uma forma absoluta com o toque de gengibre; a cobertura surgiu depois da primeira vez que o preparei, doce de leite, nozes e um toque muito sutil de cardamomo tornam-no realmente único! Preparei-o nesse fim de semana para levá-lo para a casa de uns amigos muito queridos, que já comeram esse bolo mais de uma vez, mas disseram ter de provar o de abóbora novamente, só para chegarem a um veredicto...

 

Bolo de tâmaras e gengibre com cobertura de doce de leite, nozes e cardamomo

do TK

- 300g (2 xícaras + 2 colheres (sopa)) de farinha de trigo*;

- 2 colheres (chá) de fermento em pó;

- ¼ colher (chá) de sal;

- 1 ½ colheres (chá) de gengibre em pó;

- 420g (3 xícaras) de tâmaras, sem os caroços;

- 240ml (1 xícara) de água fervente;

- 2 colheres (chá) de bicarbonato de sódio;

- 200g de manteiga sem sal, temperatura ambiente e picada;

- 262g (1 ½ xícaras) de açúcar mascavo – aperte-o na xícara na hora de medir e

- 4 ovos orgânicos.

para a cobertura:

- 2 colheres generosas de doce de leite de qualidade – ou o suficiente para cobrir, delicada e sutilmente, a superfície do bolo;

- um punhado de um mix de castanhas, quebradas à mão – usei pecan, amêndoas e algumas tâmaras cortadas em fatias e

- um ligeiro toque de cardamomo em pó para finalizar.

1. Pré-aqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga uma forma redonda de 26,5x6cm**, forre com papel manteiga e unte o papel, também.

2. Peneire a farinha, o fermento, o sal e o gengibre numa tigela grande e reserve.

3. Coloque as tâmaras, a água e o bicarbonato de sódio numa tigela, misture, tampe a tigela e reserve por 10 minutos.

4. Se for usar o processador de alimentos, transfira para ele as tâmaras (com seu líquido), a manteiga e o açúcar, e processe até os ingredientes se incorporarem. Junte os ovos, um a um, e processe bem. Se for fazer à mão, use um socador para amassar as tâmaras, que não precisam ficar uma pasta, mas também não podem manter o seu formato inicial. Se tiver dificuldade, acrescente um pouco do açúcar nesse processo. Depois de “pestá-las”, acrescente a manteiga e o açúcar, e macere mais um pouco. Junte os ovos, um a um, e misture bem.

5. Despeje a mistura acima sobre os ingredientes secos e misture bem com uma colher de pau. Despeje a massa na forma preparada e leve ao forno por 45 minutos, aproximadamente, ou até um palito, ao ser inserido no meio do bolo, saia limpo. Deixe esfriar na forma.

6. Depois que o bolo esfriar, cubra-o com uma delicada camada de doce de leite; é realmente algo delicado, quem comer saberá que ele está alisa, mas não saberá onde. Salpique as castanhas e um delicado toque de cardamomo – se quiser que este fique mais presente, coloque-o pouco antes de servir o bolo, pois o cardamomo, na cobertura, tende a perder potência com o passar do tempo; ainda assim, parcimônia no uso, pois ele é muito mandão! Fica melhor se preparado com um dia de antecedência.

* UPDATE - substitui 1/3 da farinha branca pela integral orgânica -peneirei-as juntas e devolvi à massa os farelos que ficaram na peneira- e o bolo ficou tão fofo, ou mais. Farei com 50% na próxima vez, sem medo!

* a receita original indica uma forma de 26x16cm, 30-35 minutos de forno e rendimento de 10-12 porções; a Patrícia usou uma forma quadrada de 25cm, 40 minutos de forno e rendimento de 16 quadrados – não me perguntem o rendimento do que fiz; mas estávamos em 5 pessoas, comemos muito bem e sobrou um pouco para cada um.