quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Geleia de pitanga e jacus



A última primavera foi extremamente generosa; além das bananas e dos cítricos, que aparecem durante o ano todo, tivemos graviola, jabuticaba, araçá amarelo, manga e pitanga. Muita, muita pitanga! Durante o dia, enquanto estávamos na piscina, os macaquinhos pulavam nas pitangueiras, sem a menor cerimônia, puxavam um galho com uma mão, agarravam a fruta madura com a outra e se refestelavam...
Ao cair da tarde, bastava que nos distanciássemos um pouco para que os jacus aparecessem; são cinco ou seis deles, de penas escuras e papo vermelho, que encantam ao pular de galho em galho em busca de frutos maduros, com agilidade e delicadeza aparentemente incompatíveis com seu tamanho. Há quem diga que são apenas galinhões pretos, mas a verdade é que esses seletivos animais são famosos por participarem do processo de fabricação de um dos cafés mais caros do mundo, que passam por seu trato digestivo.

Colhi uma bacia enorme de pitangas sob os olhares preocupados do meu avô; sei que ele estava louco para comer a geleia com um naco de queijo, mas ao me ver trepada como uma louca, pilhando a árvore carregada de frutos, coçou a cabeça e implorou "deixe um pouco para os macacos"!!! Esse é o meu avô...

Jacu na pitangueira

Para fazer a geleia, descarocei a grande bacia de pitangas e usei um mix para homogenizar tudo. Pesei essa polpa, transferi-a para uma panela de fundo grosso, adicionei a mesma quantidade de açúcar, agarrei uma grande colher de pau, liguei o fogo e comecei a mexer... Arrisco dizer que a pitanga tem muita pectina, pois a geleia adquiriu uma consistência firme muito rapidamente; portanto, se você quiser uma consistência mais delicada, preste atenção ao dar o ponto, lembrando-se de que ela sempre endurece mais depois de esfriar. Na dúvida, coloque uma colher de geleia em um pires e leve-o ao freezer por um minuto; se ela ainda estiver muito mole, escorrendo para as laterais do pires quando este for virado de lado, volte-a novamente ao fogo.

A cor encanta, mas o que mais me chamou a atenção foi o perfume! O sabor ficou muito equilibrado entre o açúcar e a acidez, mas devo confessar que não fui tão seletiva quanto os macacos, e os frutos colhidos  se encontravam em diferentes estágios de maturação. Não havia nenhuma verde, mas digamos que as absolutamente maduras, aquelas bem escuras, ocupavam um terço do volume, e acho que essa foi a minha sorte. Se estiver usando apenas pitangas maduras, sugiro que reduza o açúcar à metade do peso da polpa.

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