quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Aglio


Corajoso e desinibido, atravessou o oceano e se apossou do balcão de onde vos escrevo; algo além do respeito e da admiração me fez aguardar alguns dias até tomar a liberdade de despi-lo... A doçura e o frescor de cada membro repudiavam o calor do fogo; sua estreia foi em uma maionese, feita para acompanhar batatas porco-espinho...


Grazie, zio, sei molto carino...

domingo, 28 de agosto de 2011

Bacalhau com batatas e salada de pimentão


Uma bela posta de bacalhau, dessalgada de um dia para o outro dentro da geladeira, foi para a assadeira junto com batatas bem cozidas; tudo regado com uma despreocupada quantidade de azeite e levado ao forno médio pré-aquecido,  até que sua superfície ficasse ligeiramente dourada, como aparece na foto. Aproveitando o calor do forno e contrariando os que torcem o nariz para essa combinação, em outra assadeira entraram azeitonas pretas filetadas, tomates e ervas frescas, fazendo companhia a dois pimentões, devidamente chamuscados, pelados e fatiados, e uma cebola inteira, sem casca, com apenas um corte em cruz na parte superior; tudo regado com um belo fio de azeite e colocado no forno pouco depois do peixe, para que mantivesse a umidade e a doçura.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Porque queremos seguir em frente

O que eu daria para te receber em casa vestida como uma cortesã, bem humorada e saliente; na mesa, um banquete, com direito a batatas em várias versões, queijos, pães, azeites, ervas, frutas, bolos e um incrível café, feito com grãos recém moídos. No ar, as notas do meu perfume se misturariam às daquele incenso que você adora, formando uma terceira fragrância, abaunilhada e com notas de jasmim, ao som de Orfeu da Conceição. Abriria aquela garrafa de vinho, que espera ansiosa no fundo da adega, e terminaria essa noite de orgias com um beijo que o fizesse dormir por muitas noites, apenas para poupá-lo da inevitável dor que está por vir frente às fatídicas datas "comemorativas" deste mês.

Outro beijo lhe daria, satisfeita da heroica travessura, quando soubesse que, entediado e sem sucesso, partiu o enorme vazio que suga suas forças e se alimenta dos nossos pequenos momentos de alegria, deixando como farelos um rastro de culpa, dor e arrependimento, pelo que não foi dito ou feito.

Cheguei a pensar em fingir que nada está acontecendo e continuar no papel de esposa modelo, alheia às agruras que rondam sua cozinha, ocupando-se, apenas, com o que fará para o jantar e o que estará - ou não - vestindo; mas não consigo... Assim como sei que ninguém, a não ser você mesmo, pode aprender a conviver com esse vampiro, não posso, nem tenho o direito de lhe poupar da sua vida, com as agruras que lhe cabem e o fazem ser quem é. Também eu tenho as minhas, como você bem sabe, e se hoje posso dizer que somos velhas companheiras, é porque chamei-as para tomar banho, andar no parque e cozinhar comigo; quando não, para se sentarem à mesa e jantarem conosco. Cheguei ao ponto de construir um altar para uma delas! Inoportunas e impertinentes, muitas vezes estiveram presente quando ninguém mais ousaria, mas essa convivência me fortaleceu e me fez olhar para elas com intimidade, não intimidação. Pouco a pouco, como quem faz graça, a maior e mais antiga delas não para de falar em tirar longas férias, com o ferino sorriso que mescla saudades e ciúmes, de quem sabe perder o trono, mas nunca a majestade, pois ela sempre fará parte de mim. O que ela "não sabe e nem sequer pressente" é que acabou mudando de lado; força, superação e serenidade vão tomando o lugar da dor, principalmente quando temos planos e pessoas pelas quais querer seguir em frente.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Bolo de chocolate com limão cravo, água de rosas e morangos


Para transformar um tradicional bolo de chocolate, forte e úmido, daqueles que carimba os lábios e exibe o contorno dos dentes após receber uma mordida, basta levá-lo à geladeira por algumas horas, para que sua textura fofa ganhe ares de mousse, depois regá-lo, delicadamente, com algumas gotas de água-de-rosas, coroá-lo com ligeiras raspas de limão-cravo e ofertar-lhe morangos maduros.



Bolo de chocolate com limão cravo, água de rosas e morangos
do TK

- 1 2/3 xícara (233g) de farinha de trigo;
- 2/3 xícara (60g) de cacau em pó de qualidade, mais um pouco para polvilhar a assadeira;
- ¾ colher (chá) de bicarbonato de sódio;
- ½ colher (chá) de sal;
- 1 ½ xícaras (300g) de açúcar refinado;
- ¾ xícara (170g) de manteiga sem sal à temperatura ambiente;
- 2 ovos orgânicos grandes;
- 1 colher (chá) de extrato de baunilha;
- 1 xícara (240ml) de água quente;

- raspas de limão cravo orgânico;
- água de rosas e
- morangos orgânicos maduros.

1. Pré-aqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga e cacau em pó uma forma de metal retangular (aproximadamente 22x32x5cm)*.
2. Em uma tigela média, peneire a farinha, o cacau em pó, o bicarbonato e o sal. Reserve.
3. Na tigela grande da batedeira, bata o açúcar e a manteiga até obter um creme claro e fofo. Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição. Acrescente a baunilha e bata por mais alguns segundos. Diminua a velocidade para adicionar os ingredientes secos sem perder o volume da massa.
4. Adicione metade dos ingredientes secos, seguidos pela água quente e pelo restante dos ingredientes secos. Bata apenas até homogeneizar.
5. Despeje a massa na forma preparada e asse até que o bolo cresça, entre 25 e 30 minutos; para saber se está pronto, faça o teste do palito, se ao ser inserido no meio do bolo, sair limpo, é porque está assado.
6. Deixe esfriar na forma sobre uma grade. Por ser um bolo úmido, não dura mais de seis dias fora da geladeira; como sabia que não o comeríamos antes disso, coloquei-o na geladeira depois que esfriou, e sua textura fofa ganhou ares de mousse.

* a Patrícia usou uma forma de 20x30cm; assei-o em quatro forminhas de 17cm de diâmetro.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Salada quente de feijão, batata e tomate


Enquanto um tanto de água salgada tenta alcançar a fervura, descasque uma batata grande e corte-a em tirinhas; cozinhe-as na água fervente apenas por alguns minutos, para que fique al dente; cozida, mas resistente quando espetada. Tire as batatas da água, tampe a panela e ajuste a chama para a temperatura mínima.. Se for demorar para passar ao próximo passo, tenha em mãos uma tigela com água fria, para parar o cozimento das batatas. Enquanto isso, aqueça uma panela média, de fundo grosso; corte dois alhos em cubinhos e refogue-os em um fio de azeite, quando a panela já estiver quente; adicione um tomate cortado em cubos e mexa rapidamente, para não queimar. Coloque na panela dois punhados de feijões cozidos, também al dente; após alguns minutos, quando o feijão estiver quente, adicione as tirinhas de batata e mais dois tomates em cubinhos. Se precisar de algum líquido durante esse processo, use um pouco da água do cozimento da batata, mas apenas o necessário. Sacuda a panela, delicadamente, apenas para que os ingredientes se misturem; desligue o fogo e tampe-a. Coloque dois ramos de brócolis na água do cozimento da batata e tampe a panela. Aguarde cinco minutos e disponha a salada quente em dois pratos, acompanhada dos ramos de brócolis e temperada com um fio de azeite, lascas de um bom queijo amarelo curado, tirinhas de pimenta fresca, gotas de limão, folhas de tomilho e uma pitada de flor de sal, ou de um bom sal moído na hora. 


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bolo de nozes e minha participação no INTER BLOGS

 


bruschette ai funghi
gran cacciucco
torta di noci


Esse foi o menu que montei para o Inter Blogs do Edu; confortável, intenso e rico em sabores, com patente influência italiana.

Além de torturador implacável - sim, pois ele manda um e-mail falando que já preparou a compota e que acompanha diariamente a sua evolução, e você não tem compota alguma no armário(!!!); depois manda uma foto do prato pronto, e por ai vai... - o Edu é absolutamente organizado e determinado; uma pessoa engraçada, educada, simples e genuína, da qual todos se sentem amigos de longa data. Vale a pena conferir os demais IB, assim como os posts sobre viagens, as dicas de restaurante, os encontros gastronômicos e os demais jantares que apronta, sempre na companhia da Dé e de outros comensais, que no dia do meu IB, literalmente, colocaram a mão na massa; gostei de ver!



Este foi o bolo de nozes que indiquei para o Edu finalizar o nosso jantar. Por não ter cobertura ou ser banhado com nenhuma calda, exibe notas muito harmônicas e delicadas, mas não se engane; como bem ressaltou Marcella Hazan, é extremamente concentrado e com alto poder de satisfação, perfeito para acompanhar uma xícara de chá, ao final da tarde, ou ser servido com uma bola de sorvete de gianduia, ou, ainda, uma colherada de creme de leite fresco ligeiramente batido com um pouco de açúcar, para fechar com glória um jantar, como fez o Edu.

Facilidade para alguns, maldição para outros; este bolo não só permite como pede uma preparação prévia pois, assim como o de avelãs, ficou muito mais saboroso depois de 48 horas, e agora só o sirvo após esse tempo mínimo de cura.


Bolo de nozes
do livro Fundamentos da Cozinha Clássica Italiana, da Marcella Hazan
rendimento: 8 pessoas

- 230g de nozes sem casca;
- 2/3 xícara de açúcar cristal - usei orgânico;
- 8 colheres (sopa) de manteiga sem sal, à temperatura ambiente;
- 1 ovo orgânico;
- 2 colheres (sopa) de rum - já fiz com whisky e ficou ótimo!
- raspas da casca de um limão orgânico;
- 1 1/2 colher (chá) de fermento químico em pó e
- 1 xícara de farinha de trigo - usei orgânica.

1. Preaqueça o forno a 180ºC (a receita pedia a 165ºC). Espalhe as nozes sobre uma assadeira grande e torre-as até que comecem a exalar seu delicioso aroma, e que, ao serem mordidas, tenham um sabor ainda mais pujante.
2. Mantenha o forno aceso e transfira as nozes para um pilão grande junto com uma colher (sopa) de açúcar, e soque até que elas fiquem bem reduzidas, sem a pretensão de que se transformem em uma farinha. A autora indica o uso de processador (função "pulsar"), mas eu prefiro fazer à mão.
3. Separe uma colher (sopa) de manteiga para untar a forma, e coloque as sete restantes junto com o açúcar, na batedeira, e bata até adquirir uma consistência cremosa; aqui também a autora indica o uso do processador. Adicione o ovo, o rum, as raspas de limão e bata até que a massa fique homogênea.
4. Tire a tigela da batedeira, ou transfira a massa do processador para uma igela grande, se estiver usando-o, e acrescente as nozes, incorporando-as com uma espátula. Passe a farinha e o fermento por uma peneira, e vá incorporando-o, aos poucos, até obter uma massa uniforme e compacta.
5. Unte uma forma de aro removível de aproximadamente 20 cm de diâmetro, com a colher restante de manteiga e um pouco de farinha de trigo; vire a forma sobre a pia e bata levemente, para que saia o excesso de farinha. Coloque a massa e nivele-a com uma espátula.
6. Leve a assadeira à grade superior do forno; e asse-o por aproximadamente 45 minutos, ou até que, ao ser perfurado no centro, com um palito, este saia limpo.
7. Retire o bolo do forno e coloque a forma sobre uma grade. Depois que esfriar completamente, armazene-o bem fechado, por, no mínimo, dois dias, para que seu sabor fique mais potente, apesar de achar que o clímax se dá após uma semana, pelo menos nos dias mais frios. A autora, por sua vez,  indica que se destrave o aro quando o bolo sair do forno, mas que só se desenforme quando esfriar um pouco mais; ademais, indica que seja servido, no mínimo, depois de quatro horas da sua preparação, para que o sabor esteja apurado.
8. Para servir, polvilhe açúcar de confeiteiro, que confere um toque pontual de açúcar.

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