segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ovos de codorna e filosofia barata no balcão da cozinha...

Durante minha ida semanal à feira resolvi comprar alguns ovinhos de codorna... Eu devo estar muito nostálgica, pois nas últimas semanas tudo me lembra a minha infância, minhas avós... Esses ovinhos me lembram a minha mãe; apesar de ser uma médica maravilhosa e professora exemplar ela nunca deixou de nos agradar, e ovinhos de codorna eram redenção garantida após qualquer atraso! Não sei se causavam tanto furor quanto o primeiro xixi depois de comer beterraba, mas sim, eles eram disputadíssimos!

Apenas coloquei quatro ovinhos em uma panela com água fervente e deixei-os cozinhando por três minutos. Em uma ansiedade que não tinha tamanho, passei-os rapidamente pela água fria e coloquei-os no prato. Enquanto descascava o primeiro me lembrei das minhas mãozinhas tão pequenas, mas tão compenetradas fazendo esse trabalho; sempre fui perfeccionista, não gostava de rasgar a imaculada clara cozida durante o processo...

É engraçado crescer e ver que tudo o que você ouviu faz sentido; que todas as profecias entoadas por sua mãe realmente estão acontecendo e você tem de se curvar à vida... Ela sempre gostou e declamar para mim o famoso poema de John Donne, "nenhum homem é uma ilha isolada...", mas sempre tinha de pegar o livro do Hemingway para conseguir completá-lo; creio que por ter uma invejável mente para o trabalho, sempre acabava parodiando músicas e poemas... Mãe, não fique chateada e veja por outro lado, eu consigo cantar músicas de cabo a rabo, inclusive as que são da sua época de infância; posso declamar várias poesias, muitas delas ensinadas por você, mas para tantas outras coisas você sabe o quanto sou uma cabeça oca... Ninguém é perfeito, e como você me ensinou, ninguém é uma ilha isolada...

Por outro lado, percebo a insignificância da minha vida e dos meus temores perante a imensidão do mundo, e talvez isso traga um pouco mais de leveza na simplicidade de ser tão pouco, de saber que a vida é o que é, que "do pó vim e ao pó retornarei", que a vida é essa, é o agora, que "ninguém pode viver de ilusão", que "o sonhador precisa acordar"... É, eu sei que preciso acordar, mas são tantas coisas...

Ontem assisti "Cartas de Iwo Jima" e tive o mesmo sentimento de quando assisti "A "Queda"... Para uma pessoa Disney como eu é muito difícil imaginar uma situação tão limite como a guerra, tantas vidas sendo tratadas como grãos de areia... Nesses momentos ouço a voz da minha mãe e não me preocupo mais com a insignificância da minha existência; deixo esse sentimento egoísta de lado para, paradoxalmente, perceber o quão sou importante, o quanto a vida é importante... Não quero deixar de sentir o que sinto apenas porque as noticias terríveis são entoadas como do "cotidiano"... É difícil sopesar esse sentimento de tristesa profunda pelo mundo e de maturidade ao saber que você não o mudará chorando no seu quarto... É muito duro pensar que tantas pessoas não se perguntam por quem os sinos dobram; tampouco sabem que também dobram por elas...


Por fim, deixo com vocês o poema que tantas vezes ouvi em minha meninice (ok, deixarei o Bandeira para outro post...):

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

John Donne

Cherry e as alcachofras...

Desde pequena a Cherry não pode ver um canteiro; sempre que está no sítio aparece cheia de pétalas grudadas nos pelos... Sua paixão é uma florzinha amarela que nasce em um canteiro ao lado da piscina; nossa, ela não consegue se conter! Por esse motivo não foi uma grande novidade descobrir que ela AMA alcachofras... Nessa época bastava que tirássemos uma folha e a segurássemos para que ela puxasse o "recheio" na maior felicidade... Hoje, quase 14 anos depois, apesar de estar súper em forma ela já perdeu alguns dentinhos da frente, mas chora da mesma forma quando nos vê comendo alcachofra...

Engraçado, ela não costuma ficar pedindo comida enquanto comemos, mas algumas coisas ela sabe que são para ela: alcachofra e abacate!

Acalme-se, não precisa se desesperar pensando que a coitadinha fica sem a florzinha básica só porque perdeu alguns dentinhos; no final das contas hoje só ficou um pouco mais fácil para ela, pois recebe a alcachofra de mão beijada, sem o menor esforço.

Afinal, é como diz um dos ditados preferidos do Ebraim: "o lobo perde o dente, mas não perde o vício!" (ops, não seria o pelo? Mas ela é tão peludinha... Fica o dente mesmo...).


[nessa última ela estava pedindo mais, reparem na boquinha...]

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Bolo de cenoura e saudades da vovó Rachel...

Na semana passada resolvi fazer um bolo de cenoura, mas como não queria usar a receita de sempre peguei a receita de bolo de abóbora do lOliver - muito bom, diga-se de passagem - e fiz uma adaptação.

O resultado não ficou o que eu esperava... O bolo de abóbora é tão maravilhoso que fiquei com uma expectativa imensa. De qualquer forma, ele foi comido de várias formas durante a semana:

Acompanhado de sorvete de laranja e maple...

Ou apenas ao lado do café:
Engraçado, porque na semana passada estava me lembrando da minha avó Rachel praticamente todos os dias e acabei morrendo de rir ao me pegar molhando o bolinho na xícara de café; a vovó ADORAVA molhar o pão com manteiga no café com leite... Ela também adorava doce com salgado e sempre comia a torta de maçã antes do lanche quando íamos ao McDonald's. Não podia ver uma banana; se fosse quente e com canela ela não resistia mesmo!

Lembrei-me agora de outra coisa engraçada... Eu vivo dizendo que estou arrepiada e a vovó sempre falava isso quando algo a emocionava, fosse um filme ou uma música. Ela era uma mulher muito especial, uma artista maravilhosa, uma pessoa muito sensível e um ser humano como poucos que faz muita falta nas nossas vidas. Em todos os cantos do sítio sentimos a sua falta; o piano está triste e silencioso. Você era uma música nas nossas vidas...

Domingo no sítio

No início do ano abri um álbum no Orkut para colocar algumas das fotos tiradas em um final de semana maravilhoso que nós três passamos no sítio; principalmente da família de macaquinhos que sempre vem pegar as bananas do deck da piscina...








[macaquinhos]


... ontem não resisti quando um lindo esquilinho apareceu ao lado da pitangueira e comecei a tirar mais algumas para complementar esse álbum...




[esquilo]

[alecrim]

[pitanga - a única madura estava bem no topo...]

[abacates, muitos abacates!]

[coquinhos]

[um animal muito selvagem...]

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Jantar com o peixe que comprei na feira (aquele que não sei o nome...)















Rapidamente, escovei e lavei uma batata, fiz cortes longitudinais sem tirar a casca e coloquei-a em uma panela com água em ebulição. Deixei-a apenas alguns minutos para que amolecesse um pouco, mas não ficasse completamente cozida, já que ainda iria para a frigideira. Depois que tirei as "luas" de batata aproveitei a água quente e escaldei alguns talos de beterraba.

Em uma frigideira grande, já aquecida, derreti um pouco de manteiga e coloquei as batatas, girando-as para que todos os lados entrassem em contato com a gordura. Deixei-as lá até que ficassem douradas. Sem desligar o fogo coloquei mais um pedacinho de manteiga e os dois filés de peixe; quando estes ficaram prontos retirei-os e acrescentei mais um pedacinho de manteiga e algumas alcaparras. Trabalhe rapidamente nessa etapa e coloque o molho sobre os filés de peixe assim que a manteiga derreter. Aproveitando os sabores que ficaram na frigideira, salteei os talos de beterraba; para finalizar o prato, um twist com limão. Procurei salsinha, mas não encontrei... Um belle meuniere meio capenga, mas que ficou uma delícia!

Atualizando [uma semana depois...], era um filé de pescada.

Desejo infantil: brigadeiro cor-de-rosa

Na segunda-feira, enquanto fazia arrumação e limpesa na geladeira, olhei para um potinho muito pequeno, com dois dedos de leite consensado que sobraram de uma sobremesa que fiz às pressas no final de semana. Imediatamente me veio uma vontade louca de comer brigadeiro cor-de-rosa, vulgo bicho-de-pé (não gosto muito desse nome...).

Como vocês já podem imaginar eu fiz o tal brigadeiro, com os dois dedinhos de leite condensado, um pouquinho de quick e um nadinha de manteiga. Depois de levar ao fogo e adquirir o ponto acrescentei leite (a mesma medida de leite consensado) e voltei o brigadeiro ao fogo até a que adquirisse a consistência desejada.

Antes de finalizar esse post preciso agradecer ao tio Mauro, sem o qual não teria feito esse brigadeiro... Tudo começou em uma de suas viagens aos EUA em que fez algumas compras no supermercado para levar ao hotel e acabou levando o Quick sabor morango ao invés do chocolate. É claro que ele só percebeu isso depois de abrir o enorme pote de Quick, mas não teve muito tempo para ficar triste, já que imediatamente a Lu olhou para o pote e disse que eu adorava esse pozinho cor-de-rosa. Quando recebi o presente nem acreditei; que nostalgia... Há quantos anos não me deparava com isso... Na verdade eu nem tomo mais leite, mas fiquei muito feliz em recebê-lo, a ponto de ter tomado uma caneca enorme de leite rosa - a caneca também foi prsente. Não preciso nem dizer que não sou mais criança - ainda que às vezes ache que sim -, e acabei passando mal, graças a uma leve intolerância que me fez parar de tomar leite há muitos anos...

No final das contas, é claro que não me entupo de Quick todos os dias, pois sei que tem um milhão de ingredientes, conservantes e um monte de porcarias que tento evitar; entretanto, verdade seja dita -por mais que me doa dizer isso-, vira e mexe me dá uma saudade desse gostinho artificial de morango... E ele deixa o brigadeiro tão rosinha...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Clafoutis e trouxinha de acelga

Nossa, faz tanto tempo que não posto nada aqui que estou me sentindo culpada... Sempre coloco as fotos no Orkut, mas as pessoas também querem as receitas; eu digo que vou mandar e acabo ficando só na boa vontade. Asumi um compromisso de me organizar melhor para conseguir postar as receitas aqui; afinal, montei o blog com tanto carinho, não quero abandoná-lo... E não irei!

Resolvi aproveitar o vazio da geladeira e fazer uma boa limpesa, o que não é mau já que amanhã pretendo ir à feira. Entretanto, ainda resta o jantar; o que fazer? Após um furto de uso - advogada, saia desse corpo que ele não lhe pertence! -, retornei da casa da minha mãe com uma abobrinha, dois ovos e quatro folhas de acelga (Eeeeba!). Abobrinha com ovos e acelga recheada; decidido! Para os que não sabem, e antes que se assustem com a minha cara de pau perguntando por que eu sai de casa para pegar comida na casa da minha mãe em vez de ir ao supermercado, elucido que moramos no mesmo condomínio, apenas em edifícios separados; ademais, como elucidei acima ao tipificar a minha conduta, devolverei tudo amanhã, sem ninguém ter percebido! He he he...

Mister se faz esclarecer aos nobres colegas de classe, aos quais reitero meus votos de elevada estima e consideração, frequentei as aulas de direito penal e me lembro muito bem do professor Guaracy explicando sobre furto de uso... Outrossim, estudei sobre todas as correntes, a necessidade do bem ser infungível, a possibilidade dele ser fungível e a questão dos bens consumíveis, principalmente quando se verifica desvirtuamento da função; portanto, não me levem a mal, usei o termo furtiva e figurativamente.

Voltando à história da comida, abri a geladeira tentando pescar algo para finalisar o menu e não tive muito pra pensar; cenouras ou cenouras? Como só tinha cenouras apanhei duas e elas me bastaram. Ainda um pouco desconsolada abri o congelador e dei de cara com uma bandeja de chanclich... Comecei a ficar feliz... Não tinha ricota para rechear a trouxinha de acelga, mas tinha chanclich temperado com orégano, o que mais poderia pedir? No final das contas o jantar ficou ótimo; leve e sem desperdícios, como sempre deveria ser! Vou me policiar bastante amanhã na feira para trazer apenas o que realmente for consumir em uma semana, sem desperdícios!

Caramba, dois compromissos em um único post... Só falta me comprometer a perder o medo de insetos, de dirigir e de usar panela de pressão! Estava justamente pensando nessa tal panela enquanto lia uma receita de sopa do Jamie Oliver e, coincidentemente, ouço uma notícia no Jornal Nacional sobre as benditas (malditas!). Segundo Silvio Nigro, diretor de uma grande fábrica de panelas e afins, “chega próximo a 2 mil panelas por dia com acidentes”. DUAS MIL POR DIA!!! E olha que esse número deve ser relativo apenas às penelas que ele produz... E tem gente que diz que isso nunca acontece! Ok, sei que quem assistiu à reportagem vai me dizer que as notícias são ótimas, pois agora há a obrigatoriedade de um selo do Inmetro que garante a qualidade das panelas. Segundo palavras ditas na reportagem, agora a pessoa não mais terá de descobrir em casa qual panela é segura e qual não é... Que gracinha!!!

Não, muito obrigada, continuo com as panelas normais...


Clafoutis de abobrinha e gorgonzola
- 1 abobrinha italiana grande cortada em cubos
- 1 colher (sopa) de azeite
- 1 dente de alho picado
- 2 ovos
- 1 colher (sopa) de leite
- 60g de gorgonzola cortado em cubinhos
- ervas frescas (usei manjericão e orégano)
- 1/2 colher (sopa) de farinha de trigo
- pimenta do reino
- 40g de parmesão ralado
Refogue a abobrinha e o alho no azeite e reserve. Separadamente, bata os ovos e acrescente o leite, o gorgonzola, as ervas frescas, a farinha de trigo e a pimenta. Acrescente a abobrinha refogada à mistura e coloque-a na travessa que desejar. Eu usei 4 ramequins pequenos porque queria agradar o maridão com uma textura mais seca. Por último, salpique o parmesão. Leve ao forno médio, pré aquecido, por 30 minutos. Como o meu forno tem grill, liguei o mesmo nos 5 últimos minutos.


Trouxinha de acelga recheada com chanclich
(4 unidades)
- 4 folhas de acelga
- 2 bolas de chanclic temperado com orégano
- 2 cenouras raladas
- 2 colheres de sopa de azeite
- zatar
- orégano fresco
- pimenta do reino
- gergelim preto e branco
- 1 tomate pelado (de lata)
- 1 dente de alho picado
- folhas de manjericão picadas
- 40 g de parmesão ralado

Lave, seque e reserve as folhas de acelga. Amasse o chanclich e junte as cenouras; tempere o recheio com azeite, zatar, pimenta, orégano e gergelim moido. Molde quatro bolas com essa mistura e cubra-aa com as folhas de acelga, individualmente. Deixei a minha trouxinha aberta para poder salpicar parmesão e gratiná-lo, mas ela também pode ser tradicionalmente fechada. Misture o tomate, alho e manjericão e forre uma assadeira pequena. Disponha as trouxinhas sobre o molho e salpique o parmesão. Leve ao forno médio, pré aquecido, por 30 minutos. Como o meu forno tem grill, liguei o mesmo nos 5 últimos minutos.

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